Mulher, de quem é o seu corpo? Uma compreensão fenomenológica da cultura do estupro
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Resumo
Esta pesquisa teve seu foco no abuso sexual e na violência de gênero. Esta buscou descrever quais são os fenômenos culturais que viabilizam a manutenção desta violência. Propôs-se desvelar e romper o véu da invisibilidade em relação ao mundo da mulher violentada, trazendo à tona seu mundo subjetivo. Além disso, o trabalho visou realizar uma correlação do relato das mulheres com a cultura do estupro no Brasil, buscando descrever quais são os fenômenos atuais que perpetuam esta violência do homem em relação a mulher mais especificamente. Para isso, entrevistamos duas (02) mulheres que vivenciaram o estupro, buscando compreender o vivido por elas à luz da fenomenologia-existencial e humanista. O diálogo se deu por meio da entrevista fenomenológica, que se deu início a partir de uma pergunta norteadora: “Como você se sentiu, enquanto mulher, ao ser abusada sexualmente por um homem?”. A partir disso, com a análise compreensiva dos relatos, foram estabelecidas três categorias temáticas: (1). Mulher violentada: qual o significado da violência?; (2). Violência Conjugal e (3) A vida da mulher após o abuso. As análises realizadas permitiram a compreensão dos sentidos e significados do estupro na experiência vivida das mulheres, assim como as diferentes fases do ciclo de violência dentro da violência conjugal vivenciadas por ambas colaboradoras. Pode-se compreender como a cultura do estupro atua na violência doméstica, e como o estupro está relacionado com o poder e dominação masculina, sendo um mecanismo de regulação do controle das mulheres a partir da criação de uma cultura do medo. Por fim, diante do fenômeno indagado, apontam-se a necessidade de pesquisas relacionadas ao tema para que as diferentes facetas da violência contra a mulher possam ser exploradas e compreendidas, no intuito de proporcionar uma realidade mais justa para todas as mulheres.
Palavras-chave: Cultura do estupro. Violência contra a mulher. Fenomenologia-existencial-humanista.